sexta-feira, 17 de outubro de 2008

2'27"

Inquietude. Rolara na cama a noite toda sem conseguir dormir. Os pensamentos passavam rápido demais para que se pudesse pensá-los de verdade. Achava estanho todas aquelas sensações sem limites ou fim, parecia um looping eterno, um liquidificador na terceira velocidade. Sem explicação. As vezes faltava-lhe ar, as vezes sentia-se presa e sempre, sempre angustiada. Podia não parecer, mas a noite era sempre mais longa que o dia. De noite parece que os céus estão surdos e não há súplica que os faça ouvir. Queria dormir, tinha sono e cansaço mas isso não era o suficiente. Nunca era. Nunca seria enquanto toda aquela confusão não fosse resolvida. Na cabeça havia uma só solução e mesmo que essa parecesse óbvia, não chegaria nunca. Faltavam vontades alheias que ninguém poderia mudar, nem mesmo ela. Mas isso era tão cruel... Pensar que cada pessoa é responsável por suas decisões sem que caibam terceiros é muito doloroso (e egoísta). Ela queria apenas a possibilidade de voto. De expor tudo aquilo que perturbava o peito. Nessas horas a cama parece um penhasco sem fim. A sensação de queda não é aquela de liberdade, e sim de despero. Ela queria chão, mas esse nunca chegava-lhe aos pés.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

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Hiato

do Lat. hiatu, acção de abrir a boca


s. m.,
encontro de duas vogais sonoras, uma no fim de uma palavra, e a outra no princípio da palavra seguinte, dando mau som e obrigando a abrir muito a boca;
orifício;
fenda;
intervalo;

fig.,
falha;
lacuna.