quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ninguém tinha nada a ver com isso, era óbvio, mas a necessidade de compartilhar tal acontecimento era maior que a não necessidade do mundo inteiro saber. Não sabia como iria fazer isso, se colocaria no jornal, compraria por um preço nada baixo um outdoor numa das mais movimentadas avenidas da cidade, se distribuiria 10.000 panfletos por semanas a fio, se invadiria alguma rede social, se colocaria comerciais nos rádios e nas emissoras de tv. Nada. Nada disso fazia sentido, nada disso parecia eficiente para que o mundo inteiro soubesse o que tinha a dizer. Tinha que encontrar um jeito fácil, rápido e que fosse de fácil compreensão, já que tinha que contar aquele fato de modo que todos pudessem compreender o que se passava ali.
Resolveu que iria se fantasiar com uma placa, tipo aquelas de anuncios do centro da cidade, e que vagaria pelo resto da vida vestindo aquilo. Por onde quer que fosse, seria a história viva daquele acontecimento, até que morresse e que a história fizesse parte do imaginário das pessoas e fossem repassadas como lenda, de pai pra filho.
Dito e feito. Uma semana depois, estava vagando pelas ruas de bairros diferentes, todos os dias, contando com o seu corpo a tal notícia que o mundo inteiro precisava saber. Morreu como indigente, sem dinheiro e sem amigos, porém dona da maior farsa de todos os tempos. Sabia contar mentiras como ninguém e conseguiu enganar a todos por onde passou com a placa que dizia: "eu sou uma boa pessoa".