terça-feira, 21 de outubro de 2014

terça-feira, 7 de outubro de 2014

saudade é terremoto: destrói tudo o que o tempo construiu em apenas alguns minutos.
saudade é vulcão desperto: cuspindo o fogo da dor, queimando tudo de dentro pra fora.
saudade é maremoto: turvando as águas do peito, que um dia foram límpidas e calmas.
saudade é furacão: arrastando as raízes da gente pra bem longe.
saudade é como o mar: infinita. reflete exatamente aquilo que a gente não tem, o céu.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

sabe o que eu tenho medo? esquecimento.
eu tenho medo de esquecer das coisas, dos caminhos, dos nomes, das listas que eu fiz, das promessas, dos rostos, dos sonhos, das compras do supermercado depois do caixa de pagamento, das moedas no bolso da calça que vai pra máquina de lavar, do dinheiro no bolsinho da bolsa, do livro que eu emprestei, do encontro que eu marquei pro sábado que vem, dos motivos das brigas que eu tive, dos nomes dos filhos que eu quero ter, dos títulos dos filmes que eu vi, das histórias que eu ouvi quando era pequena, dos números de telefones importantes, do meu cpf, dos dias de ciclo menstrual, de fechar a porta com chave ao sair de casa, de comprar cigarro quando só tem um, do trajeto que o ônibus faz, do caminho da casa da minha avó, da música que eu mais gostava em 2008, da minha cor preferida, do meu time do coração, do que eu fui fazer na cozinha ainda agora, do motivo pelo qual eu saí de casa, da conta do cartão de crédito, de agradecer, do que eu comi ontem, da hora de acordar, de dar bom dia, de falar eu te amo, de tomar meu remédio pro estômago, de comprar pão, de ir no cinema, de sorrir, da receita do bolo, de carregar o celular antes de sair, de pesquisar sobre o que gosto, de pedir desculpas, das senhas, de ligar pra minha mãe, de fazer as unhas, de escrever.
eu escrevo que é pra não esquecer. 

domingo, 15 de junho de 2014



gil tá cantando aqui pra mim enquanto eu tento pensar em outra coisa que não seja saudade.

"o mutante é mais feliz
feliz porque
na nova mutação
a felicidade é feita de metal"

quinta-feira, 27 de março de 2014

reconheceria você em qualquer lugar, querido. esse cabelinho amarrado no alto da cabeça, lembrando um samurai moderno que tem, ao invés de espada, um iphone na mão. a sua barba grande e os óculos de harry potter não te deixam passar despercebido. até naquela foto da balada que você aparece desfocado e psicodélico não negam você. é muita loucura te reconhecer em qualquer das situações sem nem ao menos te conhecer de fato. falar das paixões platônicas podem parecer duas coisas: loucura ou doidice. acho que estou mesmo nesse barco. tudo doido. tudo maluco. nenhum sentido. 

sábado, 8 de março de 2014

tinha uma foto sua salva aqui no computador. há pelo menos um ano, eu guardava aqui nos meus arquivos fotográficos a sua cara e as vezes ía lá te consultar só pra ver se você ainda olhava pra mim. a sua cara me olhando de baixo pra cima, com as sobrancelhas levantadas, tem foco nos teus olhos, tem sombra no teu pescoço. não me lembro onde eu encontrei essa foto, mas salvei-a imediatamente na intenção de te prender aqui no meu laptop, para eventuais consultas e matação de saudades repentinas. quase um ano, vê só. quase um ano consultando a tua beleza, invocando a tua presença, contemplando o teu meio sorriso de canto de boca através dessa foto. durante esse tempo você poderia ter cortado o cabelo, pintado o cabelo, colocado aparelhos ortodônticos, tirado a barba, quebrado um dente, morrido. isso mesmo, você poderia estar morto agora e eu só teria essa maldita foto pra me lembrar de você. até mesmo no nosso último encontro, quando no meio da multidão você se perdeu, eu não consegui guardar uma boa lembrança da sua cara. talvez a certeza de te ter salvo pra sempre no meu HD me desse a liberdade de te esquecer pra depois te reencontrar. um ano é tanto tempo. e eu poderia ter apagado essa foto antes, poderia ter te visto mais vezes pessoalmente, poderia ter te esquecido. nós poderíamos, inclusive, ter nos tornados amigos daqueles que se ligam semanalmente e se falam no whatsapp quando lembram de uma coisa engraçada que o outro deveria saber. a realidade é que eu só tenho essa foto, salva num momento de saudade, e que agora eu nem tenho mais. sabe, consegui apagar você desse computador, removi da lixeira e tudo, agora não tem mais volta. aí no mesmo instante me arrependi e agora estou aqui procurando o nome do programa que recupera arquivos apagados só pra te olhar outra vez. parece loucura, né?! por que raios a gente não vira vizinhos e se dá bom dia diariamente? por que então a gente não assume esse amor platônico e para de salvar fotos nos nossos HD's? por que eu acho que você também salva as minhas fotos no seu computador? oras, porque eu te flagrei me fotografando um ano atrás, quando eu não tinha uma câmera na mão e a única coisa que eu podia fazer naquele momento era um download de uma foto sua através do meu computador.