quinta-feira, 22 de julho de 2010

Gosto do escuro.
E é por isso que prefiro que as despedidas sejam cegas, surdas e mudas. Elas devem acontecer sem aviso prévio, sem antecipação. As despedidas de amor, que doam todas elas, deveriam somente existir na imaginação de quem fica, no coração de quem vai. Elas corroem quando são vividas, destroem quando são descobertas, por isso que digo: se quer ir embora, vá. Não me avise. Eu não quero saber onde e nem por que, não me interessam os seus motivos. Quer ir embora? Vá!

Suma de mim como as tampas de caneta bic somem, repentinas e quebradas. Corra daqui na velocidade da luz, que é muda. Eu não quero ter que ouvir sua boca dizendo "adeus" pros meus ouvidos, tampouco os seus passos indo cada vez mais longe. Irrita-me as chaves balançando atrás da porta da sala e o barulho da porta do elevador. Corre. Desaparece. Vira pó, ao menos ele é mudo. Vai e não olha pra trás.

Quando estás perto é iminente o momento de ir-se. E quando vais não me deixas ir junto, não me levas. Afinal, se me levas não vais, vamos. E eu não quero ir, eu quero ficar para apagar a luz e tomar o útimo gole da cerveja desta mesa. No escuro.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pedir desculpas depois de tudo aquilo feito era muito fácil, era mais fácil que tirar doce de criança. No entanto, foi difícil sim pensar em outra possibilidade que não o pedido de desculpas para ver se amenizava aquela dor injusta de sentir. Aquela dor dos dois, aquela dor malvada.

O tempo cura, fortalece e mata.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

tu, tu, tu, tu, tu...

Existe tecla SAP?
Como dizer com palavras aquilo que não se explica com elas?
Pode chamar um tradutor, sim?
É possível mudar de estação quando quer ou teremos que esperar bastante tempo pra isso?
Funciona sem sinal?
Tem garantia se quebrar?
Pode trocar se não gostar?
Quanto tempo dura em média?

Alô? Alô?
Moça, me responda!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

era louco, infantil e descabido.
era tolo, inútil e infundado.
era chato, pequeno e pobre.

é ciúmes.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sono.
Havia caído na cama um dia antes e dormido direto, umas 22 horas. Acordara cansada e sabe deus porque, foi tomar banho, café e despertar. Na sala, a tv ligada e aquela busca random por alguma coisa que prestasse era infinita, tipo um looping. Cansou da tv, ligou o rádio e foi ouvir as notícias da periferia. Achou chato. Agora que já estava acordada e pra completar, sem sono, resolveu escrever uma carta pra mãe contando como as coisas estavam, como estava indo na faculdade e que viver fora do país é realmente, muito complicado. Sentou a bunda na cadeira, agarrou lápis e papel e danou-se a escrever aquela imensa carta-noticiário pra pobre mãe do outro lado do oceano. Depois de algumas horas, folhas amassadas pelo chão e várias pontas carcomidas de lápis, julgou ter terminado a cartinha. Nos correios, selou e mandou.
Algum tempo atrás, sabe-se lá quando, a mãe havia ligado pra xingar ela e dizer que ela era uma filha mais que ingrata, malvada. Que não mandava sequer o dinheiro da escola da menina e que morar na europa só poderia ser muito, mas muito fácil. Mais fácil ainda era virar garota de programa.
Quando voltou dos correios, fumou aquele último cigarro e tocou fogo no próprio apartamento.