terça-feira, 10 de abril de 2007

Do ontem, hoje e amanhã

Ontem eu chorei, sabe. Chorei porque uma angústia me encheu o peito e nada mais pôde ser maior que ela. Ainda sim, me contive no choro. Não sei bem explicar o que é, mas é uma coisa que tem a ver com o lugar. Com o clima. Com as pessoas aqui e suas palavras gorssas. Com toda aquela mágoa antiga guardada com gosto de mofo. E toda aquela indiferença cultivada anos a fio. Eu queria conseguir olhar na cara dele e não sentir raiva. Mas eu sinto. É meio absurdo, mas me foge do controle. Ter que olhar todo santo dia pra ele e não sentir vontade de gritar o quanto ele me faz mal, o quanto eu o odeio cada dia mais. São feridas não cicatrizadas, frustrações, mágoas, medos e um monte de coisa junta que só piora. Não há conversas, há brigas. Não há olhares, há cabeças baixas. Não há afeto, há rispidez. E todo aquele conceito de família cai dia após dia. Eu não sinto mais saudades de casa. Até porque não me sinto bem nela. Eu não queria ter voltado pra cá, mas também não consigo sair. Não sei ao certo o que me prende, o que me acorrenta. Mas há algo maior que o ódio, que não me deixa sair. E é nessas horas que eu penso se vale a pena ou não tentar ficar mais um pouco. Mas e meu tempo? E minha vida? E minhas expectativas? Aqui eu não creço, não prospero, me maltrato, deixo que me maltratem.
Eu não me julgo tão ruim que mereça isso tudo, nem tão boa pra não precisar passar por tudo isso. Eu só acho que com 20 anos eu poderia estar bem mais feliz. Bem longe daqui.

Um comentário:

Daniel disse...

Sabe eu te entendo, conheço bem o que é isso, mas, no entanto só posso dizer que eu queria te dar um beijo no olho, para ve-la sorrir :) =**

Se tivesse que lhe dizer algo eu diria:
Um livro: João
Um capitulo: Oito
Um verso: Trinta e Dois.

Vamos buscar?