quinta-feira, 22 de julho de 2010

Gosto do escuro.
E é por isso que prefiro que as despedidas sejam cegas, surdas e mudas. Elas devem acontecer sem aviso prévio, sem antecipação. As despedidas de amor, que doam todas elas, deveriam somente existir na imaginação de quem fica, no coração de quem vai. Elas corroem quando são vividas, destroem quando são descobertas, por isso que digo: se quer ir embora, vá. Não me avise. Eu não quero saber onde e nem por que, não me interessam os seus motivos. Quer ir embora? Vá!

Suma de mim como as tampas de caneta bic somem, repentinas e quebradas. Corra daqui na velocidade da luz, que é muda. Eu não quero ter que ouvir sua boca dizendo "adeus" pros meus ouvidos, tampouco os seus passos indo cada vez mais longe. Irrita-me as chaves balançando atrás da porta da sala e o barulho da porta do elevador. Corre. Desaparece. Vira pó, ao menos ele é mudo. Vai e não olha pra trás.

Quando estás perto é iminente o momento de ir-se. E quando vais não me deixas ir junto, não me levas. Afinal, se me levas não vais, vamos. E eu não quero ir, eu quero ficar para apagar a luz e tomar o útimo gole da cerveja desta mesa. No escuro.

Um comentário:

Rite disse...

Só me lembrei dessa música:

"Mas essas suas chaves
Já não servem mais
Meu quarto-e-sala já tem
Um corredor e se você quiser
Terá que alugar,
Meu amor"...