quinta-feira, 4 de junho de 2009

Procura-se:

Era o cheiro, sem dúvidas. Aquele mesmo cheiro que sentira outro dia quando se apaixonou acabara de se repetir dentro daquele ônibus lotado. Ali, naquele lugar estranho e improvável o cheiro do amor se fazia presente outra vez. Ela nem sequer percebera de quem ele vinha, quem era a pessoa, homem ou mulher, que tinha o cheiro do amor, ela simplesmente fechou os olhos e sonhou. Sonhou com aquele dia em que esbarrou com o amor no supermercado, outro lugar estranho para encontrar o amor, entre os biscoitos e as massas e soube naquele exato momento que estava completamente apaixonada. Mas por quem? Ai, por que esse amor nunca se personificava? Por que esse cheiro era tão encantador e apaixonante?
Estava ali, dentro daquele ônibus lotado, em pé, esperando a hora de descer e chegar em casa quando não pôde evitar o amor. Aquele a quem todos os homens temem, aquele que ninguém consegue frear, aquele que faz as borboletas se agitarem no estômago, todas de uma só vez. Esperou até a hora de descer e como se quisesse eternizar aquele encontro com o amor, deu uma última respirada bem forte e foi andando pra casa. No caminho pensou que já havia encontrado o amor duas vezes em toda a sua vida e nas duas o tinha deixado fugir. Parecia que essa coisa de amor era mesmo complicada. Quando se encontrava, não se conseguia ter. Quando se tinha, julgava que estava enganada. Nessas horas ninguém aparece para dar um conselho amigo ou dizer que o amor é mesmo uma puta que não vale nada e é melhor deixar pra lá. Nessas horas o amor parece o objeto mais cobiçado que apenas uma pessoa pode ter, nesse caso era ela mesma, mas isso não parecia o bastante.
Foi pra casa cheia de amor nos pulmões, andou sem respirar até quase perder o fôlego e quando não pôde mais segurar o amor dentro do peito, deixou que lhe esvaisse o ser. Sentiu-se impotente, sentiu-se vazia. Andou até em casa com uma lágrima no rosto e um peso nos ombros. Achou que encontraria o amor outra vez em algum lugar estranho, na fila do banco, na recepção do dentista ou no trânsito, no carro do lado, mas o amor tinha fugido dela. O amor nunca mais deu as caras, simplesmente foi atrás de outra. Sabe lá se volta algum dia. Sabe lá...

3 comentários:

Rite disse...

Por mim o amor pode ficar por aí atrás de outras à vontade.
Ele que me deixe em paz.

rodrigo martins disse...

ele segue, mas recife é pequena.
você acaba esbarrando, mesmo que num outro ônibus..

Anônimo disse...

show de bola .

reconhecer o amor pelo cheiro, um cheiro de supermercado, um cheiro de onibus no transito um cheiro de vida cotidiana, e viver esse amor dentro de si até a hora que ele tem que escapar, e assim é a vida, entre impotencias e desejos, entre o medo e o aprendizado da coragem. no fundo quem sabe o amor não foi melhor vivido ao modo que foi vivido que se o fosse diferente.